Augusto Boal é um homem coerente. Toda sua vida foi pautada pela coerência simbolizada na frase que adota, e que melhor o define: “O Pior Inimigo da Paz é a Passividade!” Em busca da Paz, Augusto Boal jamais foi passivo na sua vida artística e cidadã. Como artista e professor de teatro, desde 1956 ensinou jovens autores e atores a criarem um teatro que, nos palcos, buscasse revelar a Identidade nacional através da Diversidade de nossas origens: afirmação da Identidade, respeito à Alteridade.
Com a sua maior criação, o Teatro do Oprimido, Augusto Boal sempre buscou, através do Diálogo, restituir aos oprimidos o seu direito à palavra e o seu direito de ser. Com a ajuda dos seus mais de vinte livros publicados em dezenas de línguas, e dos mais de trinta livros escritos por outros autores sobre sua obra, Augusto Boal sempre buscou, através do Teatro, Humanizar a Humanidade.
Sempre trabalhou com Multiplicadores e não simples consumidores: “Só aprende quem ensina” - é o lema que norteava sua vida profissional. A Multiplicação e a Solidariedade são elementos fundamentais na sua pedagogia, na sua arte, e na sua Ética.
Assim foram criados centenas de Grupos e Centros de Teatro do Oprimido espalhados pelo Brasil e pelo mundo que tratam de temas prioritários da nossa civilização em busca de soluções adequadas.
Na África, o problema central tem sido o flagelo da AIDS/DST e a miséria: Moçambique, Guiné-Bissau, Angola, Senegal e outros países. Na Ásia, - especialmente na Índia onde a Federação de Teatro do Oprimido reuniu em Outubro de 2007, na Wellington Square em Calcutá, mais de 12 mil praticantes de TO -, o tema principal é a violência contra a mulher e o alcoolismo. No Paquistão, o direito dos camponeses a cultivarem suas terras; no Nepal, a busca de uma Constituição monárquica republicana adequada às necessidades do povo.
Em Zonas de Conflito, étnico ou religioso, como entre Palestina e Israel, ou no Sudão, grupos regionais aplicam as Técnicas do Teatro do Oprimido para apaziguarem seus sangrentos conflitos.
Na Europa, em quase todos os grandes países ocidentais, da Península Ibérica ao Cáucaso, da Escandinávia ao Mar Mediterrâneo, o Teatro do Oprimido é usado como forma auxiliar de Psicoterapia, no Trabalho Social, e na Educação. O mesmo acontece nas três Américas, principalmente nos meios universitários dos Estados Unidos e Canadá, em Porto Rico e, mais recentemente, em comunidades da Argentina, Uruguai e Bolívia.
No Brasil, o Centro do Teatro do Oprimido dirigido por Augusto Boal trabalha em várias vertentes:
TEATRO DO OPRIMIDO NAS ESCOLAS - Se desenvolve uma nova pesquisa, a Estética do Oprimido, restaurando as capacidades estéticas de todo ser humano de produzir teatro, música, artes plásticas, poesia e narrativas: Palavra, Imagem e Som: o Pensamento Sensível e o Pensamento Simbólico unidos na melhor compreensão do mundo.
TEATRO DAS PRISÕES - onde se busca pacificar as tradicionais hostilidades entre funcionários e presidiários, entre as prisões e as populações locais, através da criação de “Espaços de liberdade dentro os muros da prisão” - os presidiários estão presos no espaço, mas tem o tempo livre: há que aproveitá-lo.
TEATRO NA SAÚDE MENTAL - onde se busca enquadrar os “Delírios Patológicos dentro dos quadros estruturados dos Delírios Artísticos”.
TEATRO DO OPRIMIDO DE PONTO-A-PONTO - O Teatro do Oprimido tem provado ser potente ferramenta para a conscientização de todos que o praticam. Assim, é necessário que todos o pratiquem - esta é a ambição maior de Augusto Boal: que todos os seres humanos, sejam quais forem suas profissões, gêneros, etnias ou condições sociais, desenvolvam o teatro e todas as artes que trazem em si, para que se possam alcançar os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “... que a Liberdade, a Justiça e a Paz tenham por base o reconhecimento da dignidade intrínseca e dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da família humana”. Este é Augusto Boal, um homem coerente.
Chegamos à pergunta quem é exatamente Augusto Boal?
O dramaturgo, diretor teatral e ensaísta, Augusto Pinto Boal nasceu em 16 de março de 1931 no Rio de Janeiro.
Um dos nomes mais importantes do teatro brasileiro, Boal foi um dos principais líderes do Teatro de Arena de São Paulo nos anos 60 e foi o criador do teatro do oprimido, metodologia que reúne teatro a ação social ( comentada acima).
Formado em química na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1950, ele viajou para Nova York para estudar teatro na Universidade de Columbia.
Ao retornar ao Brasil, passou a integrar o Teatro de Arena de São Paulo, dividindo a direção com José Renato.
Na companhia, ele adaptou o método de Stanislavski à realidade brasileira e ao teatro de arena, além de influenciar o grupo na defesa da ideologia de esquerda.
Sua estreia na direção no Teatro de Arena com "Ratos e Homens", de John Steinbeck, lhe rendeu o prêmio de diretor revelação pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), em 1956.
Na sua parceria com o Oficina, resultou a adaptação de "A Engrenagem", de Jean-Paul Sartre, concluída por ele e José Celso Martinez, em 1960.
Boal se tornou neste mesmo ano um dos grandes dramaturgos brasileiros com "Revolução na América do Sul", com direção de José Renato.
Em 1962, com a saída de José Renato, ele virou o principal nome da Arena, encenando "A Mandrágora," de Maquiavel, e "O Noviço", de Martins Pena.
Outro marco em sua carreira foi "Um Bonde Chamado Desejo", de Tennessee Williams, nova colaboração com o Oficina.
Durante a ditadura, Boal dirigiu o show Opinião, com Zé Kéti, João do Vale e Nara Leão (depois substituída por Maria Bethânia), no Rio de Janeiro. O evento passou a influenciar a cena artística brasileira do período e lançou a semente para o nascimento do Grupo Opinião.
No mesmo período, Boal chegou a ser preso e torturado. Ele, então, foi para o exílio, e retornou para o país em 1984. No ano seguinte, dirigiu o musical "O Corsário do Rei", com músicas de Edu Lobo e letras de Chico Buarque.
Teórico
Em seu trabalho como teórico teatral, Boa escreveu títulos como "O Teatro do Oprimido e Outras Políticas Poéticas", "Exercícios para Ator e o Não-Ator com Vontade de Dizer Algo através do Teatro" e "Jogos para Atores e Não Atores".
Sua atuação na cena teatral fez com que a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) o nomeasse Embaixador Mundial do Teatro pela Unesco em março de 2009.
E o Maranhão onde como fica?
Em 2008 foi iniciar uma capacitação com os maranhenses de vários municípios do estado, sendo sua sede de capacitação no CACEM ( Centro de Artes Cênicas do Maranhão) espaço cedido pela SECMA ( Secretaria de Cultura do Maranhão) para os curingas do Rio de Janeiro ( Helen Sarapeck e Claudio Rocha) e nesse ano ainda tivemos a oportunidade em ter a direção artística de Augusto Boal.
Pois bem, foram 40 alunos com levaram as discussões situações distintas e polêmicas, entre elas o alcoolismo, violência contra mulher e discriminação, logo após escolhido o tema montamos uma cena e apresentamos na Escola de Música do MA e tevemos várias intervenções da platéia, pois se tratava ali do Teatro Forúm.
Depois desse processo os multiplicadores tinham a missão em repassar para seus grupos,sua cidade e etc.. foi repassado e novas cenas se formaram levando a cena para o Teatro Legislativo , e paralelo a isso os multiplicadores conheceram a mais nova pesquisa do Centro de Teatro do Oprimido a Estética do Oprimido.
Sendo realizadas duas mostras de estaduais, uma no Teatro João do Vale e a outra no Auditório do Instituto Federal do Maranhão, recebemos ao todos quase 700 espectadores ou espect-atores ( Todos os seres humanos são atores –porque atuam– e espectadores –porque observam. Somos todos 'espect-atores'” ) .
Na 2° Mostra Maranhense de Teatro do Oprimido montamos uma cena em São José de Ribamar no bairro da Matinha veja um pouco sobre a peça:
Na cena, Claudia, uma adolescente de 16 anos, se envolve com Kauê um jovem de 17 que estuda na sua sala de aula. O namoro logo toma proporções desastrosas, sobretudo quando Claudia descobre que está grávida. Ao tentar dialogar com o namorado, desejando que ele assuma a paternidade, ela é agredida pelo jovem que não quer assumir o filho.
A cena foi montada a partir de histórias reais do bairro da Matinha, que fica na cidade de São José do Ribamar, região metropolitana de São Luis.
"De vez em quando surgem histórias como essas lá na Matinha" diz Gabriela (16 anos). "Eu tenho três amigas que engravidaram nessas mesmas condições", relata emocionada, a atriz que representa a jovem Claudia.
"Uma menina lá do bairro, com apenas 13 anos, se jogou de uma bicicleta em alta velocidade na tentativa de abortar o bebê que aguardava". Relata o ator Arielson (16 anos), que representa o namorado opressor. A menina não tinha apoio dos familiares nem do seu namorado, para continuar com a gravidez.
Quando perguntados sobre o que acham de situações como essa, a resposta é uníssona: "é repugnante!"
Quando o Teatro é uma alternativa?
"O Teatro do Oprimido ensina não só aos outros, mas para a gente também", diz Gabriela. Arielson, que andava com alguns colegas que hoje já são usuários de drogas, aliviado, lembra que o afastamento desses colegas se deu por conta da oficina de Teatro do Oprimido que tomou o resto do tempo que ele tinha livre.
"O futuro para mim vai ser melhor. depois que eu conheci o TO, eu deixei de andar com algumas amizades que já estão mortos por conta do envolvimento com a violência", conta Gabriela. Continuando, feliz, ela afirma que "as notas melhoraram na escola, O teatro me motivou mais a estudar e hoje só tenho notas boas", relata a jovem com um sorriso largo e olhar firme de quem tem certeza de que está no caminho certo.
Hoje 16 março, comemoramos o dia Internacional do TO pelo aniversário de Augusto Boal, todos os países,estados e etc.. Estão fazendo uma homenagem especial e infelizmente não consegui preparar algo do nível que Boal merece, mas fiz essa matéria com todo carinho e dedicada a todos que multiplicam cada vez mais por todo Mundo.
Hoje sou formado pelo Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro, apto para ministrar oficias e palestras refente ao TO. E o GTO-MA prepara para esse ano uma grande comemoração aguarde. Ministro palestras e oficinas de Teatro do Oprimido por todo estado para mais informações é só enviar um e-mail para : jeferson.cefet@hotmail.com ou pelo telefone (98) 81973135.
VIVA BOAL!
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