03 março 2011

Filme Bruna Sufistinha - Deborah Secco

O Vip é Fato tem como tradição fazer sempre divulgação de grandes novidades, entre elas temos as  científicas, artísticas, culturais e entre outros, sendo assim, encontramos um blog super VIP e bem interessante, onde se encontra uma linguagem de faço entendimento, mas ao mesmo tempo um análise críticas do filmes brasileiros e internacionais, então apresento o Cinema com Crítica criado por


Bruna Surfistinha (2011)

Normalmente, antes de assistir a qualquer filme, questiono alguns aspectos além do mero entretenimento artístico. A contextualização histórica e socio-econômica da produção naturalmente é um exemplo; outro, quais os porquês e os objetivos em transpor para a tela aquela história específica, e no caso de Bruna Surfistinha, o que os produtores enxergaram na trajetória da jovem de classe média Raquel que, em determinado dia, resolveu se transformar em uma garota de programa? Mas, principalmente, o que há de tão interessante nessa jovem que a tornou um fenômeno mediático que conseguiu atrair a atenção dos veículos jornalísticos e os olhares de toda a comunidade brasileira? Evidentemente que esta biografia, baseada no livro "O Doce Veneno do Escorpião", falha em responder apropriadamente estas perguntas, porque apresenta apenas o juízo e o olhar de Raquel (ou Bruna) em relação a si mesma. No entanto, é inquestionável que o trabalho de Marcus Baldini tem um tom correto, jamais sendo condescendente e abrindo concessões à história da jovem, o que é louvável.


Além disto, é característico que a nossa curiosidade esteja aguçada em relação à vida (sexual) da moça, porque somos frutos de uma sociedade não tão liberal quanto achamos que ela é - a homofobia é apenas um dos vários exemplos de como andamos a passos vagarosos em enxergar a aceitação plena da sexualidade. Logo, Bruna Surfistinha se torna uma personagem forte e interessante porque os olhares, de reprovação ou compreensão, conferem às decisões da jovem o embate natural em relação às regras morais da sociedade. Alguns estariam impelidos a desviar o olhar das cenas sexuais intensas e quase explícitas, outros admirariam a firmeza com que ela abraçou um caminho quase sem volta e há àqueles que enxergam na moça um enorme potencial desperdiçado.

De todo modo, o juízo de valor a ser atribuído pelo espectador apenas reforça a protagonista mas, por conseguinte, frustra o espectador no aspecto repetitivo e na abordagem tradicional da jornada da moça. Dividido convenientemente em três atos, da decisão de abandonar a família e se tornar uma garota de programa, ao auge da carreira (se é que posso me referir assim) no lançamento do Blog e ao declínio e degradação até a aceitação imediata e irrestrita mediante uma redenção artificial. É uma receita de bolo eficiente, e que desvia da natureza quase subversiva da protagonista.

Logo na primeira cena, observamos o contraste de uma jovem trajando roupas de ar quase infantil e realizando um striptease desajeitado para um observador na webcam - que naturalmente, assume a face do espectador. Esta é Raquel: adolescente inferiorizada na família (é filha adotiva, maltratada pelo irmão), ignorada e humilhada no colégio e apresentando sinais de uma sensualidade reprimida. Assim, a decisão de abandonar a vida anterior parece quase uma imposição natural de ser aquela moça - e não deveria ser se o roteiro fosse mais inteligente -, pois apesar de exibir eventual saudades, ela pouco demonstra arrependimento a não ser em um fulminante olhar de hesitação trazido em uma das cenas mais fortes e intensas do longa (muito mais do que todas as demonstrações sexuais).

Exibindo uma atuação corajosa e invejável, Deborah Secco acerta na composição dos ares de menina, com franjinha e uma voz baixa e reprimida. Na verdade, as tentativas da garota de parecer sensual à Larissa (Drica Moraes), no privê, beiram o embaraçoso, como ao abaixar, desajeitadamente, a alça da blusa para mostrar o sutiã. Mas é no primeiro programa que Secco demonstra total controle da personagem, desde o andar trêmulo visto através de uma câmera desfocada até o olhar fixo - próximo àquele em um estupro, porém sem o direito de sequer gritar - onde se esvai a essência de garota e menina, e a persona de Bruna Surfistinha tem seu primeiro contato com a nova realidade, e este olhar começa a adquirir uma firmeza antes não visto.

Infelizmente, a partir desse momento, o roteiro de José de Carvalho, Homero Olivetto e Antônia Pellegrino traça um caminho a meu ver incorreto, expondo em aspectos óbvios a intensidade e autoconfiança de Bruna, evidentemente no âmbito sexual, e pessoalmente ao confrontar as colegas de profissão sobre um roubo, na entrega a uma vida de festas e drogas e à briga com a melhor amiga interpretada por Cristina Lago. A direção de Marcus Baldini parece seguir no mesmo caminho, apesar de alguns momentos de astúcia e criatividade. Assim, abraçando o retrato sexual praticamente explícito, Baldini repete uma mesma cena de sexo diversas vezes alterando apenas os parceiros - como se a quantidade acabasse por definir mais Bruna do que as decisões tomadas por ela. No entanto, o diretor acerta na montagem horizontal em que a continuidade de cenas sexuais acaba atingindo o efeito esperado de ilustrar o caráter quase incansável e ninfomaníaco de Bruna.

Por outro lado, é questionável a dispensabilidade de ir a fundo em certos detalhes (leia-se: fetiches) que, poderiam ter ficado de fora do corte final, e dão a dimensão do que a garota estava disposta a fazer por seus clientes. E se as jogadas visuais das inserções de elementos do blog nos prédios e no centro da tela são bem sacadas (apesar de não mais originais), outros momentos são bem humorados por refletir a realidade do nosso país, como a corrupção de um policial militar em uma blitz, ou uma ida ao salão de beleza.

Felizmente, os problemas do esquematismo e artificialidade do roteiro e algumas falhas da direção são parcialmente esquecidos retomando novamente a Deborah Secco e sua interpretação profunda, honesta e corajosa. E se é verdade que Bruna Surfistinha carece de respostas e justifica a personagem somente na juvenil busca de atenção e popularidade, consequências e não o rosebud da moça, ao menos a jornada é autêntica, audaciosa e instigante.

Se ao menos Baldini compreendesse como a sutileza do olhar poderia ser mais revelador do que dezenas de cenas de sexo...


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1 comentários:

To super louca para assistir !

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